De discursos os candidatos na Bahia vão bem, mas faltam soluções

 por Fernando Duarte

De discursos os candidatos na Bahia vão bem, mas faltam soluções
Foto: Montagem/ Bahia Notícias

A campanha ao governo da Bahia já começou ainda que todos - inclusive a Justiça Eleitoral - finjam tratar os postulantes como “pré-candidatos”. Porém, até o momento, pouco vemos propostas ou alternativas para resolver problemas que se acumularam historicamente e que, por mais que tenham havido avanços, podemos listar aos montes. ACM Neto (UB), Jerônimo Rodrigues (PT) e João Roma (PL) têm centrado esforços em apresentar essas falhas do Estado e atacar adversários, enquanto empurramos com a barriga a cobrança por programas de governo.

 

O ex-prefeito de Salvador iniciou, ainda em 2021, um périplo pelo interior da Bahia. A justificativa é ouvir as demandas das cidades para chegar ao governo sabendo onde atuar. Ao longo dos últimos meses intensificou críticas a áreas de educação e segurança pública, principalmente, mas sem deixar de falar de infraestrutura e saúde. São quatro setores que podem ser facilmente incorporados a uma campanha eleitoral e é uma boa estratégia, mas nada de propostas muito concretas. Nas visitas, ACM Neto só faz campanha em ambientes controlados e tomando cuidado para não ser enquadrado pela Justiça Eleitoral.

 

O petista segue com o projeto de “governo participativo”. São falas para claque, em ambientes fechados e bem disfarçados, onde há um simulacro de que acompanha as “dores da população”. É um modelo usado desde os tempos de Luiz Inácio Lula da Silva como eterno candidato e agora imitado pelo adversário, com caravanas de pré-campanha. O resumo das falas de Jerônimo, todavia, oscilam entre “sou candidato de Lula”, “sou candidato de Rui” e pedidos de confiança para seguir “transformando a Bahia”. Em algumas situações, inclusive, Jerônimo abusa de números favoráveis dos governos de Jaques Wagner e Rui Costa, sem tocar nas críticas que ele mesmo recebe, por mais que ele seja o candidato da situação.

 

Já João Roma, que tem como objetivo único dar um palanque para a extrema direita de Jair Bolsonaro, profere os ataques aos montes contra ACM Neto e Jerônimo. O ex-aliado é agora um aliado da esquerda e o petista é quase o clássico comunista que come criancinhas. Porém, por mais improvável que possa parecer, o ex-ministro fez uma ou outra proposta para um eventual governo, a exemplo da redução de impostos, principal bandeira do atual padrinho político dele. Pena que, por mais que pareça um canto da sereia, reduzir a arrecadação estadual não é algo lá muito esperto, no contexto em que o bolo tributário é altamente concentrado na União que, por ironia, é administrada por quem bancou a candidatura dele.

 

Talvez eu esteja exigindo muito. Admito que deva ser ansiedade, mas são soluções factíveis para os problemas dos baianos que aguardaria nesse ponto da caminhada. Os discursos dos candidatos estão até bem afinados. Será que, quando a campanha começar oficialmente, nós teremos algo mais palpável como planos de administração?

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