Disputa pelo controle da Câmara de Ibicaraí expõe guerra política entre Monalisa e grupo de Dodô

 Por José Nilton Calazans 


A Câmara Municipal de Ibicaraí vai realizar nesta quarta-feira (21), durante a 10ª Sessão Ordinária de 2025, a eleição da nova Mesa Diretora para o biênio 2027-2028. 

O processo, convocado pelo atual presidente Francisco Araújo Henrique, o Chico do Doce, ocorre em meio a uma disputa aberta pelo controle do Legislativo.

De um lado, a prefeita Monalisa Tavares tenta garantir a eleição de seu aliado Gui Cardoso para a presidência da Casa. 

Do outro, o grupo de oposição se articula para colocar Dodô da Huanna no comando. 

O racha ganhou novo capítulo nesta segunda-feira, após Chico do Doce — aliado de Dodô — marcar a eleição para esta semana, decisão considerada provocativa pelo grupo da prefeita.

Monalisa está em Brasília junto com Gui Cardoso, o que pode dificultar a articulação do seu grupo na votação, apesar de o registro de chapa poder ser feito eletronicamente. 

Gui Cardoso na manhã desta terça-feira já está voando de Brasília para a Bahia para tentar chegar a tempo. 

No início do ano, logo após conseguir a eleição de Chico do Doce como o atual presidente do Legilstivo, Monalisa tentou forçar a antecipação da eleição do presidente do próximo biênio (2027-2027). 

Mas a manobra foi recusada pelos vereadores, que entenderam como tentativa indevida de controle do legislativo. 

A movimentação de Monalisa para eleger Gui ganhou força em abril após ela reunir em sua casa, em abril, sete dos onze vereadores. 

Foram Alam do Bairro Novo, Clícia Guerreira, Alisson de Ceone, Nei da Vila, Rozenildo Linho, Demétrio Castro e Gui Cardoso. 

Ficaram de fora Chico do Doce, Dodô da Huanna, Edy da Vila e Herbinho do ServeBem — justamente os mais resistentes à prefeita.

O objetivo do encontro foi isolar os opositores e garantir maioria. 

Mesmo assim, a disputa seguiu acirrada. Dodô da Huanna, com apoio do vice-prefeito Jonathas Soares (que tem projetos próprios e interesse em ampliar sua base), manteve articulações, inclusive com apoio externo de figuras regionais como Elder Fontes, prefeito de Itaju do Colônia e presidente da Amurc, além de conversas com o prefeito de Itabuna.

Nos bastidores, a briga extrapolou questões políticas, entrando em troca de favores, negociações por cargos e contratos. Dois vereadores, por exemplo, teriam o controle sobre vagas em uma creche municipal.

Entre os vereadores, houve recuos e adesões. Clícia, que cogitou disputar a presidência, desistiu após negociações. Demétrio e Linho, antes alinhados com Dodô, cederam à pressão da prefeita, com Linho sendo o último a “sentar no sofá bege” — símbolo das negociações na casa de Monalisa. 

Porém, Demétrio voltou atrás recentemente e, segundo fontes bem informadas, se alinhou novamente ao grupo de Dodô, dando ao bloco a maioria e justificando a decisão de Chico do Doce de convocar a eleição para esta semana.

Apesar da pressa, a antecipação da eleição é ilegal. O Supremo Tribunal Federal já decidiu (ADI 7.733/DF) que eleições para mesa diretora só podem ocorrer até três meses antes do início do mandato, ou seja, apenas no final de 2026.

Tanto Monalisa quanto Dodô sabem disso. 

(O Grupo Ibicaraí sempre foi duramente contrário a esse tipo de manobra de antecipação, que já vinha sendo feita há alguns anos em Ibicaraí. Diante da derrota nesta semana, o grupo de Monalisa, que sempre se calou nessa questão, estranhamente e de forma oportunista começou a se dizer também contra a antecipação, só porque agora a manobra é desfavorável.)

A votação antecipada nesta semana pode ser apenas simbólica, para medir forças, porque qualquer resultado será derrubado na Justiça.

No fundo, a guerra pela presidência da Câmara é reflexo da disputa pelo controle político e administrativo do município, envolvendo orçamento, distribuição de empregos e contratos públicos. 

Monalisa tenta manter influência até o fim do mandato para não perder o controle da base na Câmara, principalmente porque o vice-prefeito está cada vez mais alinhado à oposição. 

Dodô e aliados se mobilizam para abrir um novo ciclo de poder local.

Enquanto isso, a cidade segue à margem das decisões, sem debate real sobre orçamento ou prioridades públicas. 

O Legislativo virou campo de batalha, e o futuro político de Ibicaraí será decidido por articulações de bastidores, longe do interesse coletivo.

Nos bastidores, comenta-se que Demétrio teria rompido com Monalisa após ela barrar um projeto de sua autoria para ampliar o horário dos postos de saúde. 

Já Alam do Bairro Novo segue como o vereador mais fiel à prefeita.

A guerra está declarada e promete novas reviravoltas até a eleição definitiva, prevista só para o fim de 2026. 

Até lá, a disputa pelo comando da Câmara deve continuar ditando o ritmo da política em Ibicaraí.


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