Por Claudinei Queiroz | Folhapress
No próximo sábado (14), os brasileiros poderão assistir a um dos fenômenos astronômicos mais impactantes que não exigem grandes equipamentos para observá-lo: o eclipse solar, quando a Lua passa entre a Terra e o Sol, transformando o dia em noite em algumas regiões do planeta.
Dos três tipos de eclipses solares, o desta semana será o anular, quando é possível observar um anel ao redor da Lua, conhecido como anel de fogo. A última vez que esse evento pôde ser observado a partir do Brasil foi em 3 de novembro de 1994, há quase 29 anos, quando a região Sul do país teve a visão da totalidade, ou seja, o anel de fogo ficou perfeito no céu.
Desta vez, os privilegiados serão os moradores do Norte e Nordeste. Quem estiver nas demais regiões, como em São Paulo, ainda verão o eclipse, mas apenas de forma parcial, dependendo da distância do ponto em que a sombra da Lua cobrirá totalmente a passagem.
"São Paulo está fora da faixa da totalidade do eclipse, ou seja, quando o Sol é totalmente coberto pelo disco lunar. Nesse caso, o tamanho aparente da Lua é menor do que o do Sol e o eclipse é conhecido como eclipse anular, justamente porque a Lua deixará passar um anel de luz, o chamado anel de fogo. Então, em São Paulo haverá um eclipse parcial, ou seja, cerca de 40% do disco solar será assombreado pela Lua", explica Filipe Monteiro, astrônomo do Observatório Nacional, unidade de pesquisa vinculada ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação.
De acordo com Monteiro, o eclipse anular começará a ser visto de forma completa no Amazonas por volta de 12h05, seguindo para Pará, Tocantins, Maranhão, Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba e Pernambuco, até por volta das 17h50.
Apesar de demorar anos para ocorrer, os eclipses não são fenômenos tão raros assim, como explica a astrônoma Josina Nascimento, também do Observatório Nacional. Normalmente, o fenômeno ocorre uma ou duas vezes por ano. "Temos a sensação de que é um fenômeno raro, porque o eclipse é visível somente para quem está na faixa de totalidade ou anularidade. Mas em uma faixa bem maior da Terra, o eclipse é visível de forma parcial", explica.
O último eclipse anular do Sol, por exemplo, ocorreu em junho de 2021, mas não foi visível no Brasil. Nascimento explica que, como o plano de órbita da Lua é inclinado cinco graus em relação ao da Terra, essa configuração não acontece na Lua Nova. "O tamanho da Lua que vemos aqui da Terra, que chamamos de diâmetro aparente, é, em muitos dias, igual ou até maior que o diâmetro aparente do Sol, ou seja, o tamanho que vemos o Sol daqui da Terra", afirma.
Quem perder a chance de observar o fenômeno no sábado só terá outra oportunidade no dia 2 de outubro do ano que vem, quando haverá outro eclipse anular, mas apenas para quem estiver nas regiões Sul e Sudeste. E mesmo assim, será parcial, com visibilidade de cerca de 15%.
E depois deste, somente em 6 de fevereiro de 2027, quando paulistas e cariocas terão a visão de cerca de 90% do eclipse anular.
Além do eclipse solar, há o eclipse lunar, quando a Terra fica entre o Sol e a Lua, cobrindo o nosso satélite com sua sombra. Nesses casos, o eclipse também pode ser total ou parcial. E assim como o solar, ocorre periodicamente.
O próximo eclipse lunar visível no Brasil será no próximo dia 28, quando a Terra bloqueará parcialmente a luz solar sobre a Lua, provocando um eclipse penumbral.