Entre TV e teatro, Virginia Martins celebra o paradoxo de suas personagens

 Por: o folhetim cultural


No ar com uma participação em Dona de Mim, novela das 19h da TV Globo, Virginia Martins vive um momento de expansão. A atriz, que interpreta Brunilde, dona de uma loja de vestidos de noiva em São Cristóvão, comemora o reencontro com os estúdios Globo e a chance de mergulhar em um universo que ironicamente dialoga com sua pesquisa teatral.

Na primeira aparição de Brunilde, Virgínia contracenou com Giovanna Lancellotti, que vive Kami, uma mulher que sonha em casar e bate na porta da loja para pedir permuta. Logo depois, Kami sonha com Brunilde dizendo que ela precisa escolher apenas um dentre os pretendentes a marido. Em outra cena, Peter (Pedro Fernandes) e Nina (Flora Camolese) depredam sua vitrine e colocam cartazes com as frases: “Monogamia é uma hipocrisia”, “Amor é invenção” e “Casamento é castração”. A atriz se surpreendeu com a chance de debater o assunto em uma novela das 19h.

“É uma ironia linda do destino!”, brinca, se referindo ao seu atual sucesso nos palcos, o solo autoral Para Onde Vai o Silêncio da Queda, que investiga a queda do amor romântico. “Na novela, represento o amor idealizado, e no teatro coloco esse mesmo ideal em xeque. Acho maravilhoso esse paradoxo. Representa o que nós somos: humanos, complexos e cheios de camadas.” Na mesma semana em que Brunilde volta a aparecer na trama, a peça reestreia na Sede Cia dos Atores para uma curta temporada até o final de novembro.

Para Onde Vai o Silêncio da Queda nasce de uma longa pesquisa iniciada em 2016, que desafiou Virgínia se desnudar emocionalmente em cena. “É uma peça-cura sobre ancestralidade, corações partidos e relacionamentos abusivos. Me exponho muito, mas entendi que quanto mais particular uma história, mais universal ela é”, conta a atriz, que também é a idealizadora e assina a dramaturgia junto da diretora Karla Tenório. O monólogo lotou os teatros por onde passou e vem se consolidando como uma das experiências mais transformadoras da carreira da atriz.

Baiana radicada no Rio desde os 17 anos, Virginia construiu uma trajetória sólida e apaixonada pelo teatro. Formada pela CAL, dedicou-se desde cedo à pesquisa de linguagem cênica e produziu seus próprios projetos, explorando do teatro físico à manipulação de bonecos, máscaras balinesas e performances experimentais. Seu trabalho sempre esteve ancorado em uma dimensão artística e social: a atriz lecionou teatro em comunidades como Pavão-Pavãozinho, levou seus alunos para representar o Brasil na Polônia e realizou projetos teatrais com crianças no Nepal, Jordânia e Marrocos. Também é cofundadora dos Quimionautas, iniciativa que leva teatro a crianças em tratamento de câncer em hospitais, e professora de teatro no Ballet Manguinhos.

Sobre o futuro, Virgínia é categórica: quer seguir expandindo fronteiras entre palco e tela, levando sua peça para outras regiões do Brasil e conquistando lugar no audiovisual. “Tenho uma paixão consolidada pelo teatro, mas sinto que um novo amor está nascendo e sonho em construir o mesmo vínculo com a TV, o cinema e o streaming. Ser pura presença em tudo o que faço.”, conclui.


Virginia ao lado de Giovana Lancelotti como Brunilde em Dona de Mim


Postar um comentário

Postagem Anterior Próxima Postagem