Por José Nilton Calazans
Primeira avaliação das escolas brasileiras após a interrupção provocada pela pandemia mostra que a aprendizagem dos estudantes ibicaraienses do ensino fundamental ficou entre as piores do país. Os dados do Ideb (Índice do Desenvolvimento da Educação Básica) e do Saeb (Sistema de Avaliação Básica) foram divulgados nesta sexta-feira (16) pelo Ministério da Educação.
Os índices divulgados trazem avaliações sobre as taxas de aprovação e as notas dos exames de português e matemática. A avaliação das taxas de aprovação foi prejudicada pela aprovação automática aplicada em todo o Brasil durante a pandemia. A aplicação dos exames de aprendizagem também sofreu dificuldades em um momento em que grande parte dos estudantes estava em casa.
O Grupo Ibicaraí comparou o desempenho dos estudantes de Ibicaraí com o desempenho de estudantes de outros municípios nos exames de português e matemática. Os dados mostram que os ibicaraienses receberam notas muito mais baixas que a da maioria dos outros municípios brasileiros.
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ANOS INICIAIS: municipais do Primeiro ao quinto ano
A avaliação do primeiro ao quinto ano do Ensino Fundamental mostrou que, enquanto pequenos municípios do interior do Ceará ocuparam as primeiras posições, Ibicaraí ficou no final da lista, na colocação 4.268, entre os municípios brasileiros com pior desempenho nas provas de avaliação.
A nota padronizada de português e matemática dos estudantes das escolas municipais do primeiro ao quinto ano em Ibicaraí foi de 4,65. Enquanto isso, estudantes do pequeno município de Arendá, no Ceará, conseguiram uma avaliação de 9,51. O Ceará tem 15 entre os 20 municípios mais bem posicionados do Brasil.
Na região do entorno de Ibicaraí, os municípios de Almadina, Itaju e Floresta Azul obtiveram uma classificação ainda pior que a ibicaraiense na nota de português e matemática. Floresta Azul ficou com 4,34. Itapé foi um pouco melhor, com 5,73.
A escola municipal ibicaraiense com a pior avaliação de português e matemática foi a Ramiro Berbert, com nota padronizada de 3,78.
Notas médias padronizadas de português e matemática do primeiro ao quinto ano:
Olavo Bilac: 5,29
Gilberto Amado; 4,89
José Tito de Lima: 4,56
Raimundo Cordeiro: 4,39
Emílio Isabel: 4,16
Ramiro Berbert: 3,78
Outras escolas de Ibicaraí não conseguiram fazer avaliações suficientes para contabilização da nota.
No Brasil, a municipal mais bem classificada do primeiro ao quinto ano é uma escola rural que fica no pequeno município cearense de Pires Ferreira, com nota de 9,91 em português e matemática. Na Bahia, a maior nota foi da escola municipal Pingo de Gente, com 7,63, no município de Licinio de Almeida. Próximo a Ibicaraí, a melhor classificação foi da escola municipal Precioso Sabino, em Itapé, com nota de 6,01.
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ANOS FINAIS: municipais do sexto ao nono ano
Ibicaraí não teve calculada a avaliação das escolas municipais no ensino do sexto ao nono ano para a média do município. O Colégio Municipal de Ibicaraí não obteve quantidade suficiente de estudantes que fizeram a prova de avaliação. A única escola com avaliação calculada foi o Ramiro Berbert, com nota média de apenas 3,68.
Floresta Azul conseguiu obter a nota de 4,71, ocupando a posição 1.699 na comparação nacional. Duas escolas foram avaliadas na cidade vizinha.
No Brasil, a escola municipal com melhor desempenho em português e matemática fica em Cruz, interior do Ceará, com nota de 9,11. As outras escolas desse município de 22 mil habitantes também estão bem classificadas e algumas ficaram entre as primeiras do Brasil em aprendizagem de português e matemática. A maior parte da população do município ainda mora na roça.
Na Bahia, a escola com melhor avaliação em anos finais de português e matemática também fica em Licinio de Almeida, com 6,83 de nota. Outras escolas desse município também estão entre as mais bem classificadas no estado. A escola mais bem avaliada próximo a Ibicaraí é a Maria Aurélia de Sousa, em Dário Meira, com nota de 5,51.
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ANOS FINAIS: estaduais do sexto ao nono ano
Entre as escolas estaduais, Ibicaraí também recebeu baixa avaliação. Não foi possível calcular a média do município. O Eduardo Spinola não apresentou quantidade suficiente de estudantes fazendo a prova. O Colégio Estadual do Cajueiro obteve avaliação, atingindo a nota média padronizada de 4,47 de aprendizagem de português e matemática.
Duas escolas de Pernambuco ocuparam as primeiras posições entre as estaduais com melhor avaliação de português e matemática. Uma de Recife, com 7,98, e outra de Garanhuns, com 7,87.
Na Bahia, a melhor avaliação foi de uma escola de Barreiras chamada de Professor Alexandre Leal Costa, com nota de 6,63. Próximo a Ibicaraí, o estadual Colégio da Polícia Militar, em Itabuna, obteve 6,06.
Os resultados refletem, de modo geral, as dificuldades com a pandemia e principalmente como os municípios lidaram com a educação durante esse período, cada um de forma diferente.
Em Ibicaraí, a pandemia impôs a suspensão das aulas presenciais, com professores buscando ser vacinados com prioridade mas sem buscar o retorno às salas de aulas imediatamente após ser imunizados.
Mesmo com o retorno de outras atividades, como as comercias e de entretenimento, não houve em Ibicaraí a priorização por parte do poder público para a volta das aulas presenciais.
Em alguns casos, o ensino também foi dificultado pela decisão do poder publico municipal de fazer reformas em escolas justamente no momento em que começou o retorno do ensino presencial, alongando a permanência de professores em casa e a falta de contato dos estudantes com as salas de aula.